Quando concebeu a arte marcial, o mestre Jigoro Kano alicerçou as técnicas (golpes) em um profundo conhecimento de mecânica e educação física. Kano (que era praticante de duas escolas de jujutsu e estudioso de inúmeras outras) depurou o que havia aprendido tendo sempre em vista o seiryoku zenyo. Assim o praticante de judô desenvolve movimentos que trabalham de maneira harmoniosa quase todos os músculos do corpo, a capacidade aeróbica, anaeróbica e, sobretudo, o raciocínio.
Kano divide o judô em três níveis:
- defesa contra ataque;
- aprimoramento da mente e do corpo;
- aprimoramento próprio pelo bem da sociedade (sua meta mais elevada).
Quase sempre, num treino de judô, sobrepujamos e somos sobrepujados. Por isso, é fundamental que haja respeito àquele que se oferece para o embate. Afinal, o colega ajuda-nos a aprimorarmo-nos ao mesmo que se autoaprimora ao dispor-se ao enfrentamento amigável. Não por acaso, a primeira lição que temos no judô é o ukemi (queda). A razão é simples: mais importante do que vencer é saber cair, reerguer-se e seguir em frente.
Assim, a prática inteligente do primeiro nível (defesa contra ataque) nos leva a alcançar o segundo: aprimoramento mental e físico. Já o terceiro nível, segundo o próprio Jigoro Kano, o objetivo primordial do judô, é usarmos o aprimoramento da mente e do corpo, decorrente do treino de “defesa contra ataque”, em favor de todos, da sociedade, o que Kano definiu como jita kyoei: “bem-estar e prosperidade mútua”. Segundo o mestre, o judoca que não transforma o conhecimento adquirido por meio do judô em benefício social jamais será um judoca de verdade.
“Não importa que você seja uma pessoa maravilhosa, que tenha uma inteligência brilhante ou um corpo forte, se morrer sem atingir a meta (melhorar o mundo em que vive), isso de nada adiantará” -Jigoro Kano*Diferentemente do que se possa supor, a ideia de Kano ao criar o judô não era preparar um exército de lutadores. Sua ideia sempre foi fazer do judô uma ferramenta de educação ampla, que agisse na formação do caráter dos homens, tornando-os seres equilibrados, corporal e fisicamente; homens capazes de melhorar o mundo em que vivem.
*Energia Mental e Física – Escritos do Fundador do Judô, Jigoro Kano, pág. 81, Ed. Pensamento
Por: http://www.judoaltodalapa.com.br
Já pratiquei judô e reconheço nesse artigo aquilo que realmente aprendi nas aulas. Aprender a cair é fundamental no
ResponderExcluirjudô, e ainda mais fundamental é aprender a usar a força do adversário contra ele mesmo. Judô é pura técnica e pouquíssima força.